quinta-feira, 17 de novembro de 2011

E agora, com quem ficam?

Venho observando na minha prática clínica, um número cada vez maior de filhos rejeitados, abandonados e excluídos. São filhos de casamentos desfeitos, de pais imaturos e despreparados para essa função e que, em algum momento de insatisfação no casamento, esqueceram-se do compromisso que haviam assumido ao colocar estas crianças no mundo. Casaram-se novamente, tiveram outros filhos e, transformaram em “estorvos” os filhos primeiros.
E os deixaram a deriva, sem a atenção devida, sem a educação devida....e essas crianças cresceram sem hábitos adequados, sem rotina, sem disciplina e sem valores básicos. Foram buscar nas ruas e no grupo de amigos o que nunca receberam - se é que sabem exatamente o que buscam - mas mostram-se totalmente perdidos, confusos e enfraquecidos frente a um mundo que exige cada vez mais.
Buscam refúgio nas drogas, com a ilusão de que terão algum prazer, mesmo que momentâneo e ilusório. Têm dificuldades para estudar, para se apresentar aos amigos, para se comportar frente aos adultos e sentem-se envergonhados, feios, com a auto estima rebaixada. Não sabem como agir frente aos eventuais “paqueras”, fogem de situações que acreditam ameaçadoras, se isolam nos virtuais da vida .
Como será o futuro destas crianças? Já encontramos por aí os “mortos vivos”, caídos pelas ruas, consumindo crack e outras drogas pesadas. Ou com suas máquinas velozes - presenteadas pelos pais poderosos e culpados - embriagados e matando pessoas inocentes. Estas crianças, se conseguirem sobreviver, também terão filhos, ainda mais comprometidos.
Temos o dever de tentar interromper esse ciclo destrutivo. Devemos tentar conscientizar as pessoas quanto às obrigações que nos são impostas. Temos que começar a respeitar as leis, as regras e os compromissos morais perante a vida. Há a necessidade interior do espírito, uma avaliação crítica da nossa existência..... e esse é um trabalho muito lento, mas, possível, desde que haja colaboração de cada um de nós.
Devemos procurar cuidar das nossas crianças com muito amor, pois elas necessitam de fato de cuidados, proteção, carinho e orientação. Não podem ficar jogadas pelo mundo sem qualquer tipo de atenção. Só desta forma é que teremos adultos responsáveis, assertivos e felizes para um mundo melhor.

Primavera 2012

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