sexta-feira, 1 de junho de 2012

O REAL X O IDEAL

Todos nós sonhamos enquanto dormimos. Algumas pessoas lembram-se dos seus sonhos com exatidão, outras nem se lembram se sonharam ou não. Freud e Jung, pesquisadores da alma, formularam teorias muito importantes sobre o assunto. E nos mostraram que o simbolismo dos sonhos nos traz questões relevantes sobre as nossas vidas e a forma como estamos conduzindo-a, levando-nos ao conhecimento e à compreensão de aspectos desconhecidos em nós. Este trabalho com os sonhos, é feito por profissionais da área. É uma prática fascinante e aponta para uma riqueza na nossa psique: uma psique que tem a capacidade de criar sonhos que, despertos nunca teríamos imaginação para algo tão surpreendente. Mas também sonhamos enquanto estamos despertos. Temos objetivos de vida e sonhamos em transformá-los em realidade. Lutamos para isso, vivendo de forma a concretizá-los. Mas, e quando não alcançamos esses objetivos? Nos vem a sensação de fracasso e de menos valia em relação ao mundo, além do risco de sintomas físicos ou mentais. A frustração nos leva à procura de médicos e de medicamentos e/ou drogas que nos aliviem e/ou nos anestesiem. Aí então, é preciso parar e pensar: estamos em busca da realização de sonhos “reais” ou “ideais”? A mídia, tanto a TV, quanto as revistas e jornais, apontam para a pessoa perfeita: bem posicionada no trabalho, com um corpo bem delineado; uma família em total harmonia, filhos ajustados e bem resolvidos nos estudos e com os amigos. Um marido romântico, bonito, dedicado, sempre presente e bem humorado e uma linda esposa capaz de uma jornada tripla de trabalho, sempre feliz e pronta para novas realizações. Além dos carros cada vez mais equipados, grandes barcos e casas luxuosas sempre ao alcance de qualquer um de nós. Celulares, eletrônicos de última geração sendo trocados a um espaço de tempo cada vez menor para que não fiquem obsoletos; e nós não queremos nos tornar obsoletos...então a corrida se torna cada vez maior em busca disso tudo e a nossa auto estima vai se tornando cada vez menor.... Observo que a distancia entre o que é “real” e o que é “ideal” está se tornando muito grande. Não valorizamos mais as nossas conquistas pois nos sentimos sempre defasados. E a sensação de vazio e de insatisfação vai crescendo, impedindo- nos de aceitar a nossa realidade e a nossa evolução, no seu ritmo e na sua trajetória particular. E dessa forma, transformamos nossos sonhos despertos em verdadeiros pesadelos que nos aterrorizam de dia e de noite. Sentimo-nos excluídos desta sociedade “ideal” e nem sequer paramos para refletir sobre essa frustrada busca, influenciada pela banalidade e pelo consumo. De que forma poderíamos preencher este vazio existencial? Acredito que podemos transformar nossos sonhos em bons sonhos, desde que eles sejam possíveis e passíveis de realização e não algo ideal e que não faça parte da nossa realidade. Que nos tragam a sensação de leveza e de bem estar, desde que a nossa alma siga um caminho diferente desta sociedade “ideal”, tão valorizada pela grande maioria inconsciente, que valoriza sem reflexão e aceita sem lucidez. www.tereza.psc.br