domingo, 2 de setembro de 2012

Nossas prisões invisíveis

Desde a nossa mais tenra infância e ao longo do nosso desenvolvimento, recebemos mensagens dos nossos pais ou daqueles que cuidam de nós. São mensagens cheias de encorajamento ou de descrédito, de amor ou de desamor. Mensagens que foram recebidas e reproduzidas por eles, totalmente inconscientes, e que chegam à nós nas mais diferentes formas, mas sempre "salvas" em nosso arquivo mental. As crianças não possuem "filtros". Vão recebendo informações e " arquivando em pastas". Famílias com pais centrados e estruturados geram crianças e adultos centrados e estruturados. E o contrário, é verdadeiro. Vejo em minha prática, adolescentes e adultos repetindo padrões neuróticos para confirmar o que está impresso e registrado em seu arquivo mental. - Sou mesmo incapaz de amar e ser amado? - Estou fadado ao fracasso? Sou incompetente? - Não tenho capacidade para cuidar da minha própria vida? E com estas indagações vão caminhando aprisionados, incapazes de romper os padrões que se repetem e que geram sintomas físicos, psíquicos e/ou sociais. Vivem dentro de uma verdadeira prisão invisível, totalmente inconscientes de sua condição. Sabem que algo não está bem, mas não conseguem identificar o motivo de seu sofrimento. E agem de forma a confirmar o que foi dito e esperado deles. Surgem então, a depressão, a adicção, a obesidade, ou seja, a agressividade voltada para si próprio, pois a auto estima está extremamente rebaixada e o sentimento presente é o de menos valia. O caminho para a liberdade criativa e transformadora não é fácil, mas existe e é possível. Sócrates, em 399 a.C. afirmou " conhece-te a ti mesmo". Aquele que questiona e que não aceita o que lhe é imposto; aquele que reflete sobre sua vida; aquele que ousa sair de sua zona de conforto e enfrentar o novo que surge como assustador e desconhecido é capaz de sair desta prisão que o angustia e que o impede de ser feliz. Epicuro, outro filósofo grego, em 341 a.C. afirmava que para se viver bem, é importante ter uma vida analisada. E que a reflexão pode nos levar à consciência dos nossos males. E, conscientes das nossas dores, o próximo passo é a mudança, difícil, sofrida, mas possível. Portanto, acredito que, através de um trabalho interno para a descoberta dos núcleos desconhecidos que norteiam nossas ações e pensamentos, seremos capazes de nos libertar desta prisão invisível, caminhar com mais sabedoria e com maior consciência e lucidez sobre os nossos atos. www.tereza.psc.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário